Com pouco mais de dois anos de atuação, o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Proteínas Alternativas já promoveu transformações significativas na pesquisa paranaense, fortalecendo grupos de pesquisa, estruturando novos laboratórios e ampliando a inserção internacional das universidades envolvidas. Liderado por pesquisadores de diferentes instituições, o NAPI é financiado pela Fundação Araucária e tem como foco o desenvolvimento de proteínas alternativas, como os análogos de carne e a agricultura celular.
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a criação de um novo laboratório marca uma virada na trajetória do grupo de pesquisa coordenado pela professora e articuladora do Arranjo, Carla Molento. O NAPI permitiu a fundação de um laboratório de pesquisa, ensino e extensão em agricultura celular que é único na América Latina com esse foco.
“Foi graças à verba inicial da Fundação Araucária que conseguimos montar essa estrutura, que hoje nos coloca em destaque nacional e até internacional”, afirma Molento.
A pesquisadora também destaca que, com essa base, os grupos conseguiram aprovação em editais federais, como da FINEP e do Ministério do Meio Ambiente. “O investimento inicial já se pagou muitas vezes. E isso sem contar os ganhos intangíveis, como formação de pessoas e geração de empregos”, completa.
Membros do NAPI Proteínas Alternativas, durante a 3a Semana dos NAPIs, realizada em Curitiba, nos dias 11 e 12 de março de 2025 (Foto/Milena Massako Ito)
Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a professora e líder de equipe, Paula Matumoto Pintro celebra a estruturação do Laboratório de Alimentos Funcionais, que ganhou novos equipamentos e espaço para avançar nas pesquisas.
“Nós conseguimos estruturar um laboratório para fazer a pesquisa mais afinada. Isso nos permitiu obter outros financiamentos, inclusive internacionais. Hoje temos biorreatores, extrusoras e conseguimos observar aminoácidos com HPLC para melhorar a qualidade dos análogos de carne”, explica.
Além dos produtos finais, como hambúrgueres e almôndegas vegetais, o grupo tem se dedicado ao aproveitamento de resíduos agroindustriais para criar ingredientes e aditivos mais sustentáveis.
A pesquisa também avança na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde a professora e líder de equipe, Renata Macedo, agrônoma de formação, viu sua atuação migrar para além da sua área original. “Entrei no NAPI para trabalhar com plantas com alto teor de proteína, mas o projeto me levou para os processos químicos da Engenharia de Alimentos. Hoje estamos desenvolvendo meios de cultivo e produtos plant-based. Isso mudou completamente minha linha de pesquisa”, conta.
O grupo trabalha tanto com ingredientes vegetais isolados quanto com misturas, na busca por formulações mais eficazes para o cultivo celular e o desenvolvimento de novos produtos.
O futuro do NAPI é promissor. Os pesquisadores vislumbram uma nova fase, com a criação de plantas-piloto e a aproximação com o setor produtivo. “Queremos sair do laboratório e chegar ao supermercado. Isso significa apoiar startups, superar gargalos e colocar produtos da agricultura celular nas gôndolas. Quando isso acontecer, poderemos dizer que o Paraná se tornou referência nacional nessa área”, resume Carla Molento.
Assista ao vídeo abaixo para acompanhar a apresentação do NAPI Proteínas Alternativas na 3a Semana dos NAPIs e saber mais detalhes das pesquisas do Arranjo.
Por Guilherme de Souza Oliveira