Projeto ganha visibilidade na 3ª Semana dos NAPIs e busca ampliar tratamento pelo SUS no Paraná
Durante a 3ª Semana dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs), em Curitiba, o NAPI Cannabis e Doenças Crônicas – Pesquisa Clínica esteve entre os participantes. O projeto, que reúne pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), aposta no potencial terapêutico da cannabis para tratar a fibromialgia, doença crônica que compromete a qualidade de vida de milhões de pessoas, incluindo quase 5% das mulheres do Brasil.
Coordenado pelo professor Francisney Nascimento, o NAPI tem como objetivo realizar um estudo clínico inédito no Paraná com ênfase em rigor científico. Serão 134 mulheres diagnosticadas com fibromialgia participando de um ensaio clínico do tipo duplo-cego, randomizado e multicêntrico, ou seja, conduzido simultaneamente nas cidades de Foz do Iguaçu, Cascavel e Curitiba. O canabidiol será administrado e avaliado quanto à eficácia e à segurança no alívio dos sintomas da doença, que incluem dor intensa, distúrbios do sono, ansiedade e depressão.
Atualmente, o estudo está em fase de tramitação ética e regulatória. Já foi submetido ao Comitê de Ética e, na sequência, dependerá de autorizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para importação e uso da substância. De acordo com Francisney, “a expectativa é que, no segundo semestre deste ano, tenha início a seleção das pacientes, com os primeiros atendimentos previstos para o início de 2026. O tratamento em si terá duração de seis meses”.
O trabalho desenvolvido pelo NAPI Cannabis poderá subsidiar políticas públicas e contribuir para ampliar o acesso ao tratamento com derivados da cannabis no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, no Paraná, a legislação permite esse tipo de medicamento apenas para pacientes com esclerose múltipla. “Nossa proposta é também articular e conversar com o Estado para que esse estudo possa entrar também no SUS do Paraná. Será mais uma indicação da disposição da cannabis para uma doença de alta prevalência”, afirmou Nascimento.
A participação na Semana dos NAPIs, realizada nos dias 11 e 12 de março, no Campus da Indústria, em Curitiba, foi destacada pelo professor como uma oportunidade valiosa de integração e visibilidade. Promovido pela Fundação Araucária, o evento reuniu pesquisadores, estudantes e representantes do setor produtivo em uma programação com palcos temáticos, balcões expositivos e apresentações científicas.
“É a primeira vez que participamos, e está sendo sensacional. Já surgiram ideias de parcerias, como a possibilidade de cultivar cannabis em ambiente experimental em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Santa Helena”, adiantou.
Assista ao vídeo abaixo para acompanhar a apresentação do NAPI Cannabis e Doenças Crônicas – Pesquisa Clínica na 3a Semana dos NAPIs e saber mais detalhes das pesquisas do Arranjo.
Por Maria Eduarda de Souza Oliveira