Pesquisadores discutem conservação da biodiversidade e desafios da polinização em evento realizado em Curitiba
A importância das abelhas para os ecossistemas e os impactos das mudanças climáticas no comportamento desses polinizadores foram destaques na apresentação do NAPI Abelhas durante a 3ª Semana dos NAPIs. Realizado nos dias 11 e 12 de março, no Campus da Indústria, em Curitiba, o evento reuniu pesquisadores de diversas áreas para promover o intercâmbio entre os diferentes núcleos financiados pela Fundação Araucária.
Segundo o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodrigo Gonçalves, ainda há muitas lacunas de conhecimento sobre a biodiversidade de abelhas no Paraná, especialmente sobre espécies solitárias, que representam mais de 70% da diversidade local. Até hoje, ainda não se sabe quantas espécies diferentes de abelhas nós temos no Paraná. “Muitas dessas espécies solitárias têm papel crucial na polinização de ambientes naturais. Sem conhecê-las, não conseguimos protegê-las nem entender os riscos que estão sofrendo”, afirmou o professor.
Além da atuação em campo e do trabalho de identificação e descrição de espécies, Rodrigo destaca a colaboração com outros NAPIs, como o de Serviços Ecossistêmicos, e a parceria com museus como o Taxonline, que ajudam a compreender mudanças na fauna ao longo do tempo. Um exemplo citado foi o Parque Estadual de Vila Velha, onde espécies registradas nas décadas de 60 e 80 não foram mais encontradas em levantamentos recentes, levantando o alerta para possíveis extinções locais.
Já a professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Fabiana Costa, enfatizou o papel do evento para gerar conexões entre os núcleos. “O trabalho com abelhas pode ser adaptado dentro de todos os NAPIs. Elas estão na nossa alimentação, na sobrevivência, no cotidiano, e a gente nem percebe. Mas na Semana dos NAPIs, em um ou dois dias, conseguimos efetivar contatos que no dia a dia seriam difíceis”, afirmou.
Fabiana também abordou os desafios enfrentados pelas abelhas diante do aquecimento global. Em observações recentes, pesquisadores notaram comportamentos incomuns em colônias durante períodos de calor extremo. “As abelhas estão ficando no fundo das colmeias, letárgicas. Quando abrimos a colônia, sai um vapor muito quente. Elas não estão conseguindo fazer a ventilação adequada”, explicou.
Outro impacto do aumento da temperatura está no transporte de rainhas comerciais. Com o apoio do NAPI Abelhas, pesquisadores desenvolveram uma plataforma de hidratação baseada na nanocelulose microbiana, que aumenta a sobrevivência dos insetos durante longos trajetos. A inovação já foi encaminhada como pedido de patente.
A expectativa para 2025, segundo os pesquisadores, é de fortalecimento das ações do NAPI Abelhas, com a contratação de bolsistas, compra de equipamentos e maior aproximação com empresas. “O objetivo é sair do espaço acadêmico e levar o conhecimento produzido para aplicações práticas e parcerias com o setor produtivo”, conclui Fabiana.
Assista ao vídeo abaixo para acompanhar a apresentação do NAPI Abelhas na 3a Semana dos NAPIs e saber mais detalhes das pesquisas do Arranjo.
Por Guilherme de Souza Oliveira