Com vários projetos em andamento, o NAPI busca digitalizar a agricultura, reduzir o uso de fungicidas e beneficiar também pequenos produtores
Com resultados expressivos, o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação – Centro de Inteligência Artificial no Agro (NAPI CIA-Agro) completa três anos de atividade em 2025. O Arranjo foca no monitoramento da ferrugem asiática da soja, usando inteligência artificial para aumentar a precisão e reduzir impactos ambientais no campo, contando com parceiros como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Nosso projeto principal é o auxílio à rede de monitoramento da ferrugem asiática, com técnicas de IA”, explica o professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Daniel Kaster. “Dentro desse escopo, um dos subprojetos que estamos apresentando é a leitura automatizada de microscópios, já em operação no IDR-Paraná”, completa.
Segundo Kaster, o NAPI também vem expandindo sua atuação por meio de novas parcerias. “Captamos dois projetos com empresas privadas: um com o laboratório Laborsolo, para gerar um índice de qualidade do solo via ciência de dados, e outro com a startup FitoVision, que usa drones e visão computacional para monitorar experimentos”, informa.
Na parte técnica, o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Fabrício Martins Lopes, destaca os planos da safra 2024/2025: “Estamos automatizando microscópios para leitura e reconhecimento automático dos esporos da ferrugem da soja, testando a robustez do equipamento e do algoritmo com o apoio do IDR”.
Equipe do NAPI CIA-Agro na 3a Semana dos NAPIs (Foto/Milena Massako Ito)
Segundo Lopes, o objetivo é ampliar a solução para a safra 2025/2026, com mais coletores e equipamentos. Além disso, já estão sendo treinados algoritmos para detectar outros esporos que afetam a soja, como míldio e oídio. “São doenças menos severas que a ferrugem asiática, mas que merecem atenção”, alerta.
Um dos destaques do projeto é o foco na viabilidade econômica. “Essa é uma solução de baixo custo, voltada também para pequenos e médios produtores”, reforça Lopes. “A ideia não é erradicar doenças com fungicidas, mas promover o uso racional, evitando o manejo calendarizado que prejudica o meio ambiente, o aplicador, o consumidor e o próprio solo.”
Lopes ressalta que já há estudos mostrando que o manejo baseado em detecção não reduz a produtividade, pelo contrário. “Há um pequeno aumento na produção, mas o ganho real é na economia de recursos e na sustentabilidade. Esse é o desafio que estamos avançando com apoio dos NAPIs e da Fundação Araucária”, finaliza.
Assista ao vídeo abaixo para acompanhar a apresentação do NAPI CIA-Agro na 3a Semana dos NAPIs e saber mais detalhes das pesquisas do Arranjo.
Por Guilherme de Souza Oliveira